segunda-feira, 22 de julho de 2019

Coluna da Arte Suave: os pensamentos e ações de um lutador durante o treinamento; confira

Quando for a hora de treinar, coloque sua mente no seu treino, treine de mente em alerta. Deixe seus problemas no lado de fora do dojo. Treine vivendo o momento presente. Naquele momento, o que interessa é o treino. Treine com atenção e preserve a sua integridade física e do seu parceiro.

Todos nós precisamos de parceiros para treinar. Então, se quer evoluir no Jiu-Jitsu, faça o que parece o óbvio, mas muitas vezes não é o óbvio para alguns lutadores. Lesionar seu amigo não lhe trará graduações, medalhas ou respeito. O que trará a sua imagem é a de um lutador truculento. É claro que lesões acontecem a todo treino. Você resistiu ao máximo, tentou sair, mas não conseguiu, mesmo chegando ao ponto de sacrificar ligamentos. Mas também sabemos que muitos lutadores ainda guardam para si o conceito de que treinar “duro” é causar lesões no próximo. Você, em muitas posições, pode ir ajustando, tem o controle da posição e do que está fazendo.

Já não é a primeira vez que escrevo sobre isso, mas creio que todos, ao lerem este artigo, já vivenciaram esse fato ou conhecem alguém da academia que acaba em um tempo tendo até dificuldades para encontrar um treino. Na hora da luta, a meta é a finalização, lutar para finalizar, mas às vezes, a vitória não nos sorri. Então, nos agarramos nos pensamentos “não vou bater” ou “dá para segurar mais um pouco”, e assim, numa luta, surgem as lesões e até mesmo fraturas.

Luiz Dias falou sobre a postura do atleta em um treinamento (Foto: Ilan Pellenberg)
Luiz Dias falou em artigo sobre a postura do atleta em um treinamento (Foto Ilan Pellenberg)
Esse é um assunto polêmico, ninguém gosta de perder. Quanto menos lesões você tiver, mais tempo estará no dojo treinando, corrigindo seus pontos fracos e melhorando seu condicionamento e habilidades para futuras lutas de campeonatos ou treinos em que você não quer perder de jeito nenhum. Cada luta envolve diferentes aspectos que devem ser considerados por você para bater ou não. É uma luta decisiva ou um simples treino? É uma final de campeonato ou uma luta interna em sua academia? É só você que deve decidir por uma questão pessoal se bate ou não.

Acredito que a decisão mais inteligente, na medida em que você percebeu que não tem como se defender ou evitar mais aquela situação de ataque, você deve “bater”, evitando uma lesão ou algo pior. Volte para sua academia e treine cada vez mais para estar melhor em uma nova luta com quem te venceu, e se você se encontrar nessa mesma situação, não perca de novo. Quantos atletas, ao “não baterem”, ficam meses fora dos tatames, em fisioterapias e até mesmo na mesa de operações?

Podemos ver em grandes eventos, como no UFC, excelentes lutadores desistirem da luta visando proteger sua integridade física e por serem inteligentes o suficiente para verem que daquela posição, o mais provável será ganhar uma fratura ou lesão no seu corpo. Nenhum lutador gosta de ser finalizado. Voltar para casa com a derrota tem sempre um sabor amargo, mas faz parte.

As imagens da luta perdida passam e repassam em nossa mente e nós devemos tomar de lição, corrigir as falhas para evitarmos errar de novo. Mas também acredito ser melhor voltar para casa, infelizmente, com uma derrota que você pode correr atrás no próximo campeonato ou treino, do que voltar de uma consulta a um ortopedista com a sensação de ter que esperar uma eternidade para voltar a treinar. A garra de ganhar uma luta tem que caminhar com a inteligência do lutador que, antes de tudo, preserva a sua integridade física e a do seu oponente.

Fonte: TATAME

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