quinta-feira, 11 de julho de 2019

Coluna Treino Certo: seu treino é eficiente ou eficaz? Confira o artigo e saiba diferenciá-lo

Por Ítallo Vilardo

Se você deseja cruzar o Brasil de carro, saindo do Rio de Janeiro até Manaus, e compra um carro velho, caindo aos pedaços, e com muito sacrifício, consegue sair do Rio e chegar até São Paulo, pode dizer que ele foi eficiente nesse trajeto, mas ele não será eficaz a ponto de te fazer completar a jornada.

Vejo muita gente dizendo que começou a fazer isso ou aquilo e melhorou o desempenho. Já é mais que sabido que a corrida não altera a performance para atletas de luta. Mas aí o atleta fala: “Mas eu comecei a correr três vezes na semana e meu treino melhorou, fiquei com mais gás”. Sim! A corrida te ajudou a perder aquele peso extra e, com isso, seu corpo respondeu um pouco melhor. Ela foi eficiente, pois você fez algo rápido que te deu um resultado naquele espaço curto de tempo. Mas ela não foi eficaz, porque, de fato, ela não fez você atingir o objetivo final, ela te fez algo momentâneo.

Para o seu treinamento ser realmente eficaz, ele depende de vários outros fatores, principalmente ser a longo prazo.

Normalmente, recebo atletas que desejam um desempenho melhor em uma competição em algumas semanas. Isso, infelizmente, é algo normal e se acha de forma errada que, dando aquele “gás” nas últimas semanas, vamos chegar bem. Afinal, o atleta é “guerreiro”… Não temos que ser guerreiros, temos que ser profissionais, mesmo que você lute por diversão. E para piorar, após aquela competição, o atleta abandona o treino físico, querendo voltar somente algumas semanas antes de uma outra competição. Esse tipo de amadorismo ainda é muito comum, e eu diria que a mentalidade é o que mais prejudica. Precisamos treinar o corpo, mas precisamos treinar a mente e mudar os hábitos.

E mesmo que o atleta aceite treinar sabendo que naquele tempo não tem como fazer o milagre que ele acredita, ele, em algumas semanas, já diz que está se sentindo bem, pois o treino está sendo eficiente, mesmo naquele curto espaço de tempo, mas ainda falta muito para ser realmente eficaz. Ele precisa de tempo para ser eficaz.

Organizar o calendário competitivo é de fundamental importância para a eficácia do treinamento como um todo. O pico de rendimento de um atleta pode variar de duas até, no máximo (com muito cuidado), três vezes no ano, mais que isso, não. O calendário quem faz é o atleta, e você não deve cair nas armadilhas dos eventos. Lutar todos os meses não é benéfico, mesmo que você encare as competições como testes e não altere seu treinamento para elas. Sempre recomendo para meus clientes que tenham como competições alvos duas por ano, competições teste de 4 a 6 no ano, resultando no máximo 8 em um ano (minha recomendação mesmo seriam de 4 a 6 no total, mas sei que, por contrato, às vezes o atleta tem que fazer mais). O problema é o atleta entender que as 4 competições que ele quer disputar em dois meses não vão gerar benefício nenhum e mesmo que ele tenha um desempenho eficiente em uma ou duas, ele está longe de ser eficaz e está indo no caminho inverso ao rendimento.

Não se baseie por resultados em competições menores, nem pelo número alto de competições que você disputou. Se baseie pelo rendimento geral que você vem tendo a longo prazo. Organize seus treinos, organize seu calendário e treine dentro da sua especificidade. Você deve sair se sentindo bem da sua sessão de treinos e não sair exausto. Pense em ser eficaz, não se deixe levar por compromissos e resultados imediatos. Lembre-se: para quem nunca fez nada, qualquer coisa é muito bom, mas não é por aí. Vamos deixar o amadorismo de lado.

Fonte: Tatame

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